terça-feira, outubro 24, 2006

Quem tem o direito, que direito tem alguém, de possuir assim?!

“- Pensei que te construía
para a multidão mas era para
mim que te estava construindo...
Queria ser eu só a ver-te,
mergulhando na minha
admiração. Senti por ti essa
espécie de ciúme que deve
empolgar um artista que mostra
aos estranhos a sua obra. Que é
que eles sabem de ti? Eu é que
sei onde se deve olhar. Eu é que
sei onde ficaram as minhas noites,
os meus olhos, a minha vontade:
como os escultores sabem onde
ficaram as suas mãos, os seus
intuitos, e a obstinação da matéria
viva em escapar...Ninguém te
entende, senão eu. Ninguém tem o
direito de te amar!”


Trecho da peça “Ás de ouro” de Cecília Meireles.

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