terça-feira, março 20, 2007

Um louvar a quem sempre incompreendida!

O nome dela é axila, o dele é sovaco, também compreendido na sua forma mais popular, suvaco. Não ria, não faço cosquinha no vento. Se isso fosse uma poesia, eles seriam chamados “ninhos do amor”, e talvez houvesse uma compreensão mais imediata de sua beleza e função. Não tenho preferências semânticas.

Pretas,
Amarelas,

Brancas,
Azuis.

Para que tantas axilas, meu Deus?
Eu não pergunto nada. Abro o olho. Raspadas nos anos 60, elas transformaram-se em matagais de patchouli nos anos 70 e agora se apresentam glabras, ceifadas pelo laser. Vacilante, incapaz de afirmar de afirmar uma preferência em quesito tão delicado, eu passo. Aqui para sempre serão todas louvadas em seu incompreensível abandono, uma faixa de delícias desprestigiada tanto no mundo das taras undergrounds como relegada a trunfo inexpressível nos salões da estética burguesa. As academias de ginástica não oferecem séries de ferro para fortalecê-las. As clínicas de lipoaspiração desconhecem planos de secá-las. Perdoai-os.
O nome dela é axila, o dele é sovaco. Ôôôôôôôôbbbáááááá!!”

-Joaquim Ferreira dos Santos ( O Globo - Segundo Caderno - 19/03/2007)

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