É estranhamente, surpreendente ver como as pessoas reagem a saber da minha enfermidade.
As pessoas não pensam em como estou.
No tempo que estou em casa.
Na minha ansiedade em ficar retido por dor.
Elas simplesmente falam, você tem que perder peso.
Como se perder peso fosse só apertar um botão.
Perder peso ficando em casa.
Sentado, para a dor aliviar.
Quase que imobilizado.
Na situação em que me encontro.
A beira depressão.
Como não comer?
O que me deixou frustrado.
Foi que minhas amigas.
Que estou sempre com elas para o que der e vier.
Na doença.
No amor
Nos conflitos familiares
Nas inseguranças
Nas festas
Nas baladas
Nos shows
No cinema
Justamente elas que dizem que o amor na amizade é mais importante do que no relacionamento. Se não fosse meu relacionamento. Minha namorada. Já estaria enlouquecido.
Não quero ouvir de alguém que devo emagrecer. Por que ninguém cobra isso mais que eu.
Não quero pessoas que sabem a “cura” e sim que me apóiem nesse momento que está sendo difícil para mim.
Para mim nada pior que ter sido tirado o direito de ir e vir.
De bater perna.
De andar pela cidade.
De frequentar o Odeon, o CCBB, o Cinemark , o Espaço de Cinema, o Circo Voador.
Só saio de casa para fazer fisioterapia, acupuntura, RPG e ir ao médico.
Foi me tirado o bem maior, a rua para andar.
E me foi mostrado que amigas, as que me falaram em emagrecer. Apoio só daqui para lá.
Por que uma amiga, me enviou no orkut umas palavras suas sobre vingança. E eu estou com essa música na cabeça.
Starla:"A vingança é uma sobremesa que não engorda
Sobremesa apetitosa de olhar esganado Em picos calóricos vou mastigando silenciosa meu bombocado talvez eu seja má talvez seja boazinha em diminutivo talvez seja prolixa nas tragédias e me estenda absurdamente nos problemas
Eu crio histórias Crio poemas E vou projetando meticulosa a refeição que pouco enobrece mas por hora me apetece Quase engana Com toda gana Vingança"
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A VINGANÇA Naquela tarde Márcia havia caprichado no visual porque queria ir numa reunião de escritores na Academia. Um famoso escritor estaria autografando seu livro e ela queria conhecê-lo, além de adquirir o livro. Já que ela não dirigia e não gostava de pegar táxi sozinha à noite e nenhuma amiga estava disponível naquele tarde para acompanhá-la, esperou que seu marido chegasse do trabalho e pediu-lhe para levá-la à Academia. Por azar, ele chegou aborrecido sabe-se lá com o que e não quis levá-la. Por mais que Márcia lhe pedisse e lhe dissesse que não precisava esperar, ele não quis fazer-lhe o favor, não a levaria e ponto final. Depois de tanto tempo casada Marcia já sabia, que qualquer discussão depois de um categórico não, era pura perda de tempo e paciência.Conformou-se, mas lhe disse que mais cedo ou mais tarde também lhe diria um grande NÃO. Ficou ruminando uma vingança mas uma boa oportunidade não aparecia assim tão fácil. E o Anjo a dizer-lhe esqueça e o demônio sempre a lembrar-lhe. Uns dias depois, apareceu uma ótima oportunidade . Ele havia passado no shopping e comprado umas calças, tão logo as experimentou, viu que estavam compridas demais. Chamou Márcia e lhe disse: --Meça aqui meu bem, e faz a barra para mim... --Eu? Fazer as barras das tuas calças? Não faço não!!! --Faz sim! --Não faço e pronto! Ele também já a conhecia... Pois não faça disse ele aborrecido, eu levarei a uma costureira. Uma semana depois, as calças estavam de volta da costureira, mas ele não as usou de imediato. Márcia deu uma olhada nas calças e foi ai que o demônio começou a cutucá-la embora o Anjo fizesse ver que era pura maldade. Mas uma risadinha safada tomou conta dela, pois a idéia que o demônio lhe dera, já havia tomado forma. Quando por fim, seu marido resolveu usar uma das calças, pegou bem “aquela”. Márcia deu uma olhada como quem não quer nada e ficou por isso mesmo. Se ele notou alguma coisa também não falou nada e foi trabalhar. Quando veio almoçar, ele olhava de uma perna para outra até que perguntou à filha: --Você não acha que esta calça esta com uma perna mais curta que a outra?. --Nossa pai, está sim, que costureira você arrumou heim? Ai, ele tirou a calça mais que depressa e pediu com toda a delicadeza se Márcia podia arrumá-la, que “ naquela costureira dos diabos” ele não voltava mais. Esta certo, Márcia respondeu, segurando o riso e com a cara mais inocente possível - deixe em cima da cama que eu conserto como puder. Depois disso, por uns bons tempo, mesmo não gostando, ele não se recusou a levar Márcia onde quer que ela quisesse ir. Mas o que ele nunca soube, foi que o serviço sujo na calça dele, não foi a costureira quem fez, e sim sua endiabrada esposa. " Muitas vezes, só por malandragem, o demônio nos cutuca e o nosso anjo acaba rindo" Doroni Hilgenberg
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Valsinha
Chico Buarque
Um dia, ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar
Olhou-a de um jeito muito mais quente do que sempre costumava olhar
E não maldisse a vida tanto quanto era seu jeito de sempre falar
E nem deixou-a só num canto, pra seu grande espanto, convidou-a pra rodar
E então ela se fez bonita como há muito tempo não queria ousar
Com seu vestido decotado cheirando a guardado de tanto esperar
Depois os dois deram-se os braços como há muito tempo não se usava dar
E cheios de ternura e graça, foram para a praça e começaram a se abraçar
E ali dançaram tanta dança que a vizinhança toda despertou
E foi tanta felicidade que toda cidade se iluminou
E foram tantos beijos loucos, tantos gritos roucos como não se ouvia mais